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Famosos abandonam Válter Artístico no hospital e fazem campanha inútil por causa de 2 litros de sanguɛ

A Hipocrisia das Estrelas: Um Clamor por Solidariedade que Falha na Prática

Escrito por: Jeremias Gotine

O acidente de viação ocorrido com o cantor Válter Artístico, que agora se encontra em cuidados intensivos no Hospital Central de Maputo, expõe uma triste realidade sobre os famosos moçambicanos, especialmente cantores e influencers. O jovem artista, que tem um papel importante na cena musical nacional, está neste momento a lutar pela vida, precisando de apenas (02) dois litros de sangue para se manter vivo. No entanto, o que se vê nas redes sociais é uma campanha cheia de apelos emocionais, mas carente de acção concreta. A verdade é que, por trás de todo o clamor, muitos desses artistas têm falhado em dar o exemplo.

Não podemos deixar de nos questionar: onde está a verdadeira solidariedade desses artistas quando ela é necessária de forma imediata? Em vez de simplesmente se contentarem com os apelos virtuais e as mensagens nas suas contas de Instagram ou Facebook, porque não tomam a dianteira e resolvem o problema de uma vez por todas? Afinal, são apenas dois litros de sangue. São quatro pessoas. Quatro cantores ou influencers que poderiam facilmente doar esse sangue e, assim, garantir que o problema fosse resolvido.

O que vemos, no entanto, são campanhas públicas em que se pede aos seguidores que doem sangue, como se esse fardo fosse dos outros e não da própria classe. Qual é a lógica de artistas com milhões de seguidores a pedirem ajuda nas redes sociais quando, em vez de se limitarem a ser figuras passivas, poderiam agir de forma mais efetiva e dar um exemplo de solidariedade real? Ao invés de ir às redes sociais em busca de um aplauso, deveriam ir directamente ao hospital, com os seus braços estendidos para doar sangue e salvar uma vida.

A questão vai além de um simples descaso. Trata-se de uma visão egoísta e míope de quem pensa que a sua visibilidade na mídia é suficiente. De quem acha que postar um “hashtag” ou uma imagem de apoio é o suficiente para justificar a sua responsabilidade social. Não podemos ser coniventes com esta abordagem superficial. O que o país precisa não são apenas palavras bonitas nas redes sociais, mas acções concretas que tragam resultados imediatos.

É doloroso constatar que, numa situação de emergência, onde a vida de um ser humano depende de um acto simples como a doação de sangue, a resposta imediata de muitos destes artistas tenha sido a de postar uma foto de solidariedade ou fazer vídeos apelando aos seguidores para que ajam em seu lugar. A fragilidade desta postura é evidente: falta-lhes a coragem de agir, de se desviar do seu conforto para salvar uma vida.

É imperativo que a classe artística, que tem uma enorme influência no comportamento social, se conscientize da sua verdadeira responsabilidade. A solidariedade não pode ser apenas um espetáculo, mas uma prática diária. A necessidade de sangue para Válter Artístico, e para tantas outras pessoas, deveria servir de reflexão para todos, pois a verdadeira solidariedade não se constrói com mensagens de apoio ou hashtags, mas com ações concretas que possam efetivamente fazer a diferença.

Por fim, a questão é simples: se os famosos de Moçambique realmente se importam com a vida e o bem-estar dos seus compatriotas, o mínimo que poderiam fazer era doar sangue, em vez de ficar sentados atrás de telas, fazendo campanhas que, no fundo, são um reflexo da falta de acção real. A verdadeira solidariedade começa com um gesto simples, e esse gesto é algo que, em situações como esta, qualquer pessoa pode fazer — especialmente aqueles que têm o privilégio de serem seguidos por milhares de pessoas e têm o poder de influenciar positivamente a sociedade.

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