Venâncio Mondlane critica sua madrinha Mana Cecy e chama-lhe de “gang makhofo”

Venâncio Mondlane e a polêmica com festas e influenciadores

Escrito por: Jeremias Gotine

A expressão “gang makhofo” tornou-se viral nas redes sociais e reacendeu os debates em torno da postura de figuras públicas durante momentos de crise. O termo, que significa “couve” em línguas tradicionais (changana, ronga e xitswa), foi usado por Venâncio Mondlane para criticar influenciadores que, segundo ele, têm agido de forma insensível perante os problemas do país.

Durante a transmissão, Mondlane também deixou um alerta preocupante. Ele sugeriu que o Conselho Constitucional poderá anunciar os resultados das eleições, que apontam a vitória da FRELIMO e de Daniel Chapo, durante as festas de Natal. Para ele, esta seria uma manobra para aproveitar a distração da população com as celebrações.

Entre os nomes mais mencionados nas redes está o da influencer Mana Cecy, que se tornou alvo de críticas após publicar um vídeo a ensinar como preparar caril de couve no dia em que começaram as manifestações. A atitude foi interpretada como desrespeitosa e insensível, levando a um forte cancelamento online.

Mondlane, que tem liderado manifestações contra os resultados das eleições há mais de um mês, defendeu que os promotores de eventos adiem as celebrações de fim de ano. Para ele, a prioridade deveria ser o envolvimento nas manifestações e a luta pela mudança no país, e não a organização de festas, tanto que Picasso cancelou o seu evento de Réveillon.

As críticas não se limitaram aos organizadores de eventos. Influenciadores e artistas foram igualmente alvo das palavras de Mondlane. Ele referiu-se a alguns como “influenzas” e criticou a falta de posicionamento claro em relação à crise política. Para ele, muitos preferem entreter o público em vez de contribuir para os movimentos sociais.

Por outro lado, os organizadores de eventos e alguns artistas defenderam-se, afirmando que as suas actividades são uma forma de aliviar a tensão e trazer um pouco de normalidade em tempos difíceis. Este argumento, no entanto, não convenceu Mondlane, que apelou para o sacrifício temporário em prol de um bem maior.

Para o líder político, o foco da população deve ser a luta pela reconstrução do país. “Devemos sacrificar um ano sem festas para endireitar o nosso país”, disse Mondlane, numa mensagem que gerou tanto apoio quanto controvérsia.

A discussão polarizou opiniões entre os que concordam com o político e os que acreditam que as festas são uma forma legítima de enfrentar o stress da crise. Enquanto isso, as redes sociais continuam a ser palco de debates acalorados sobre o papel dos influenciadores digitais em momentos como este.

A crescente tensão entre diferentes sectores da sociedade evidencia o impacto que a crise política está a ter não apenas no cenário institucional, mas também no mundo do entretenimento e das redes sociais. Com as manifestações a ganhar força, a postura de artistas e influenciadores será cada vez mais questionada.

Apesar das críticas, as atividades culturais e de entretenimento continuam a ser planeadas, mostrando que parte da sociedade ainda procura formas de celebração, mesmo em meio às dificuldades. Para muitos, isto é um reflexo da necessidade de manter um equilíbrio emocional durante tempos de incerteza.

Venâncio Mondlane, contudo, mantém-se firme no seu posicionamento. Para ele, as prioridades devem estar claras: protestar, mobilizar e lutar por mudanças reais, deixando as festividades para um momento mais adequado.

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