CONHECI MEU PAI PELA 1ª VEZ QUANDO FUI TRABALHAR NA CASA DELE COMO EMPREGADA
Boa tarde, nesta semana me emocionei até tirar lágrimas quando li as suas histórias de vida nesta página Cheio de Coisas e hoje e hoje decidi escrever e contar um pouco mais da minha história.
Mano, eu nasci em 1990 na província de Inhambane, minha mãe quando teve grávida do meu pai, depois da minha vinda ao mundo, aos 3 anos tiveram problemas e separaram se, nos primeiros meses ele pagava todas despesas.
Segundoo ela se conheceram quando ele trabalhava lá como professor do ensino secundário e mais tarde ele foi transferido para vir trabalhar aqui na cidade capital Maputo. Depois disso, minha mãe conta que nunca mais teve contacto com meu pai.
Minha mãe me criou com muito sacrifício e nada me faltava, com seu esforço estudei até 12ª classe lá na terra. No dia 7 de Abril de 2008, minha mãe infelizmente perdeu a vida vítima de uma picada de cobra 🐍, aquilo foi a notícia mais triste que já tive, e fiquei sozinha, porque depois de terminar com meu pai não teve mais filho.
No Janeiro de 2010 viajei para Maputo a procura de emprego, ao chegar aqui fiquei em casa de uma amiga minha que estudei com ela desde 8ª até 12ª classe. Me ajudou a procurar emprego, e apanhei trabalho de baba, isso aos meus 20 anos de idade, mas não levei muito tempo na casa, porque os meus primeiros patrões viajaram para trabalhar em Portugal e deixaram a casa para alugar, até haviam dito que era para ser eu ir trabalhar lá depois de um ano, mas depois de uma semana, minha patroa voltou para cá e de Portugal trouxe um telefone de marca blackberry, e me deu e resolveu o problema que vinha tratar e voltou para Portugal.
Passado um mês, recebo uma ligação de uma senhora desconhecida, e disse que estou a falar com a Júlia? E eu respondi que sim e me disse que minha ex patroa lhe mandou meu número através do email e que era para eu passar a trabalhar na casa dela porque ela demora voltar do trabalho juntamente com o marido e logo aceitei. Fui lá com minha amiga e a dona da casa me apresentou aos filhos e também a empregada e meu trabalho era ficar com as crianças e levá-las para escollnha, no mesmo dia voltei para levar meus pertences e voltei para trabalhar.
Trabalhei, mas na segunda semana perguntei se a noite podia fazer um curso, ela disse que sim, mas o marido disse que era arriscado porque há muitos assaltos, daí deixamos. Já ao fazer 30 dias, o casal pediu meus documentos para fazer cartão 💳 de banco para poder passar a receber no banco.
Entreguei os documentos, era num domingo e eles não tinham ido trabalhar, o marido trabalhava na universidade e a mulher na Migração.
Do nada, o patrão me chamou e também chamou a mulher, sentamos, começou a me perguntar se eu o conhecia ou não, eu disse que não e ele disse que sou fulano X e eu pensei que fosse piada, porque o nome e apelido que ele disse era aquilo que estava escrito nos meus documentos. Eu com medo da seriedade dele, a achei que fosse para me expulsar.
Ele me pronunciou o nome tradicional da minha mãe e eu sorri e disse que como é o senhor conhece o nome tradicional da minha falecida mãe, em algum momento achei que fosse um curandeiro, e ele disse que sua mãe perdeu a vida em que ano e eu falei, então o senhor começou a tirar lágrimas e chorou, a patroa perguntou ao patrão se ele havia conhecido a minha mãe, e ele disse que mor, acho que essa moça é a minha primeira filha que tive em Inhambane, juro que eu me segurei, sai fui chorar na casa de banho, a patroa veio me chamar, fiquei com vergonha, e não acreditei que eu estava a ser empregada do meu próprio pai.
Ele se ajoelhou e rezou pediu desculpas por não ter me abandonado e chorou pediu para eu não lhe julgasse, várias vezes me pediu desculpas. Pediu desculpas para sua mulher e ficamos a falar, depois de uma semana fomos na província de Inhambane para visitar a campa da minha mãe e também aproveitou ver os meus tios e seus sogros, pediu desculpas e disse que no próximo mês ia vir para me lobolar e pagar todos os direitos para poder me levar para viver com eles em Maputo.
Depois disso, deixou dinheiro para eu ficar a me sustentar e voltou para Maputo para se organizar, um mês depois veio com a esposa, filhos e os familiares para fazer todos os direitos, fizeram toda cerimonia, mandou fazer uma casa melhorada para meus avós e encomendou para ficarem a fazer uma campa para minha mãe ( Explicou o que aconteceu para não me criar, mas apesar de terem lhe criticado, acabaram se acertar).
Voltamos para Maputo, me perguntaram o que eu queria ser na vida, escolhi ser enfermeira. Já no Janeiro de 2011 fui fazer curso de enfermagem na província de Gaza Chicumbane, fiz o curso com sucesso, e voltei para casa, e em 2016 comecei a trabalhar num dos hospitais daqui em Maputo, juntei o pouco que eu ganhava e meus pais me ajudaram a comprar terreno. Em 2018 fui fazer minha própria casa, mas nem cheguei de viver porque no mesmo ano casei com o amor 😍 da minha vida, convidei todos da família e meu pai disse que xiguiane e fatos tinham que ser para meus avós que me criaram juntamente com minha mãe. E assim fizemos.
Minha casa acabei deixando para aluguer. 2019 nasceram nossos gémeos e um casal, estou a viver um momento muito feliz e especial com meu marido, gostaria que minha rainha mãe estivesse presente para lhe encher de beijos e abraços.
Mas enfim, estou muito feliz por ter meus gémeos, meu maridão e também por ter conhecido o meu pai com a mulher dele e os meus irmãzinhos.